16.4.08

Cinco dias

"A viagem começa quando você sai de casa", me dizia um amigo assim que retornei da minha última andança. Havia saído de São Paulo, no sábado pela manhã, com destino à Argentina, para conhecer La Plata e a cidade de Buenos Aires. Não seriam muitos dias pois eu tinha que voltar ao trabalho, mas seria uma estada repleta atividades e novidades. Quando aterrizei em Ezeiza, recordo-me de ouvir o avião inteiro aplaudindo. Eu devia ser a única brasileira naquele vôo, lotado de argentinos da terceira idade. Desembarquei e logo vi que ele, aquele mesmo argentino que me viu e me tocou apenas uma noite aqui no Brasil, me esperava no saguão do aeroporto. Ele podia parecer louco para quem ouvisse a nossa história, mas para mim era apenas um menino apaixonado. Um menino que, no auge de seus 21 anos, foi meu estímulo para tirar o pé do chão em todos os sentidos. Uma hora de viagem e chegamos à La Plata. Entre vinhos, cervejas, empanadas, tartas e capoeira, aprendi muita coisa com os plantenses. Eles amam quase tudo que é do Brasil: a música, as cores, os ritmos, mas principalmente as pessoas. Há um cuidado especial com as pessoas que chegam e eu, com essa cor na pele e no gingado, me senti praticamente um acontecimento na cidade, habitada por quase que 100% de caucasianos. O mesmo motivo que me fez sair do país, transformou minha estada na Argentina numa aventura mágica. Ensinou-me sobre a cultura, os monumentos, a forma de se falar. Mais que um simples guia, ele foi meu travesseiro, meu amigo, meu amor. Em algumas horas cheguei a pensar que ele era como aquele anjo que caiu do céu, daquele filme. Foram 5 dias de romantismo e andanças. De doces, fotos e amizades. Quando entrei no ônibus que me levaria para o aeroporto argentino sem ele, senti um alívio. Afinal, eu finalmente estava sozinha depois de 5 dias de amor sem limites. Mas o alívio durou pouco...Trago no peito uma saudade imensa de tudo que lá vi e vivi. E desde que cheguei não páro de sentir vontade de voltar.

Um comentário:

Adriádene disse...

Falas do "menino" como se fosses uma balzaquiana. Às vezes penso que és, por conta de tuas andanças. Entendo o que dizes. É que passamos tanto tempo sendo tratadas tão de igual para igual, tão sem-cerimônias, que quando alguém nos dá carinho genuíno, e deixamos a resistência de lado, fica difícil abrir mão. Mais uma coisa boa que tens a guardar. O mundo é teu, Morena! Beijos mil!!!