24.3.08

Portunhol

De longe já ouvia-se o batucar de tambores, acordes de violão e o tão característico soar do pandeiro. O grupo, famoso na noite paulistana pelo samba de qualidade que faz, tem seu público cativo e presente em todas as suas apresentações. Casa cheia e gente ainda por entrar. Do lado de dentro, com uma cachaça numa das mãos e na outra um copo de cerveja, eu me divertia cercada de amigos tão animados quanto eu. Ao olhar ao redor, vi uma máquina filmando tudo e do outro lado dela um rapaz sério, registrando cada movimento dos músicos. A ritmo fica mais acelerado, as pessoas dançam juntas, separadas, conversam e bebem animadamente, assim como eu. Um passo a mais lá está ele. Sem mais nem porque, o rapaz tão sério que filmava tudo estava ao meu lado querendo me conhecer. O sotaque soou familiar até eu perguntar de onde ele era e confirmar minhas suspeitas. "Soy argentino", dizia ele, com olhos de azul infinito e dentes quase tão brancos quanto a pele. Disse-me que estudava piano, percussão e praticava capoeira. Muitos beijos e algum portunhol depois teríamos de nos despedir. O vôo para La Plata saiu no domingo, depois de um adiamento feito por ele, na esperança de ainda nos vermos antes da sua volta. Só descobri uma semana depois, ao abrir minha caixa de mensagens e ver seus inúmeros e-mails. Nosso azar é que entre nós havia um Carnaval...

2 comentários:

Unknown disse...

eu voltei depois de muitas tempestades.. estava com saudades dos seus escritos, vc reformou a casa virtula. Gostei do visual. Puxa, tu conheceste "un chico". eles são adoráveis... já vivi uma experiência "no llores por mi argentina". segue o novo endereço:
http://dosesdecafe.blosgpot.com
besitos
carla

Anônimo disse...

Carnaval...algo tão volúvel quanto alguns sentimentos e comportamentos humanos.