11.3.08

Babá

Sentada na sala de casa, uma menininha de oito anos assistia desenhos animados enquanto não chegava a hora de ir para o jardim. Na cozinha, a babá preparava o almoço e o pai a ajudava. Ambos conversavam animadamente, mas a pequena não queria saber de mais nada que não fossem as cenas coloridas de seus heróis da TV. Na hora do intervalo comercial, a menina quis tomar um pouco d´água e foi até a cozinha. Sem saber porque, ela resolveu que chegaria de mansinho, para assustar a ambos. Em seus ouvidos, antes repletos de risadas inocentes, algumas frases desconectas começaram a fazer sentido. Ao olhar para dentro da cozinha, viu a babá se aproximar do pai e dizer que só estava ali para ficar mais perto dele. O que se seguiu depois não foi visto pela menina, que voltou correndo para a sala, tomada por um medo enorme de estar fazendo algo de errado. Foi para a aula mas passou o dia a pensar no que ouvira e vira. Chegou em casa e resolveu contar para a mãe, porém da pior maneira possível: na frente de uma tia e do próprio pai. Este tirou-a rapidamente da sala, trancou-se com ela no banheiro e com uma cinta grossa nas mãos deixou bem claro que se ela voltasse a fofocar, o couro ia cantar no lombo dela. Chocada, a menina foi durmir mais cedo. A mãe nem ligou, ou fez que não, para o que a pequena contou. E eu percebi ali que meu pai não era melhor e nem pior que nenhum outro. Apenas igual.

3 comentários:

Adriádene disse...

Tenho ouvido tanto isso, que qualquer dia acredito que fomos todos feitos em série. Beijo

Anônimo disse...

Visão muito pessimista da paternidade.

Édnei Pedroso disse...

Há pais e há pais. Qualquer hora dessas escrevo um tratado sobre isso...

Beijos.