9.2.08

Folias

O convite era claro: seriam 4 dias de internação em uma bela chácara no interior de São Paulo, com churrasco, piscina, bebidas e outros aditivos inclusos no pacote. Não foi preciso pensar muito para aceitar e já no sábado, pela manhã, eu chegava para iniciar a bagunça. Os dias eram longos: às 10h já tomávamos o café da manhã (suco de cevada) e íamos nesse embalo tarde e noite adentro. Entre uma parada para o banho e outras para o sexo, seguíamos na folia até 4, 5 da manhã. Os 4 dias viraram 6, com direito a ir trabalhar ainda cheirando a álcool. Na sexta-feira.

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Era nosso segundo Carnaval na bela cidadezinha histórica. Reatamos a relação depois de um longo afastamento e tudo levava a crer que teríamos alguns dias de lua-de-mel regada à marchinhas carnavalescas. Mas uma simples ida ao mercado para a compra de cerveja desencadeou o que seria o novo fim da relação. Um ciúme quase doentiu aflorou da parte dele. Brigamos, discutimos, choramos. Pra terminar do jeito que tinha de ser: na cama.

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Só por uma noite ficamos juntos. Só por uma noite falamos e escutamos um ao outro, fugimos do agito para prosear sob as estrelas na porta da igreja antiga. Só por uma noite eu vi um olhar que brilhava ao ouvir o que eu dizia, ao me mirar nos olhos e ao encontrar nos meus relatos tantas coincidências com as suas vivências. A chuva veio para ajudar. Era hora de procurar abrigo e ele arranjou um mais que perfeito. Chegando ao quarto dele, deitamos um de frente para o outro para continuar o papo. Foram tantos beijos quentes, mãos que se encontravam, peles que se sentiam só por uma noite...O tempo ruim e a vontade de ficar fizeram com que dormíssemos juntos. Propus a saudosa conchicha e ele aceitou. Só por uma noite senti-me desejada, querida e protegida como há muito tempo não sentia. A manhã veio com seu tempo ainda instável mas já era hora de voltar à realidade. Sem sexo, despedimo-nos à porta, e uma frase dele ficou a ressoar na minha memória. “Porque a gente só foi se encontrar na última noite?”. Coisas de Carnaval.

5 comentários:

J.F. de Souza disse...

Ensaios de carnaval! Bons, bons... Principalmente o último... =)

Bjão, sumida! =*

Adriádene disse...

Gostei muito, muitos dos textos, especialmente do último, como o Fejones falou bem. E mais particularmente de "Só por uma noite eu vi um olhar que brilhava ao ouvir o que eu dizia, ao me mirar nos olhos..." Isso é maravilhoso, parabéns!!! Beijos mil!!!

Sugar Kane disse...

Ah, esses encontros de carnaval são inesquecíveis exatamente quando só duram por uma noite mesmo...rs... é sério, tentei um "revival" uma vez, uma segunda noite e não foi a mesma coisa.... às vezes é melhor ficar só com as lembranças daquela única noite mesmo.
Ah, explica melhor esse "cidadã do mundo" q vc deixou no comentário.... estou curiosa...

P.S.- Feliz 2008 pra vc

José Rosa (ZeRo S/A) disse...

Beleza lírica... mas sempre o prazer parece não conseguir "eclipsar" a dor...

Édnei Pedroso disse...

O que dizer: fatal como a morte e impostos.

Beijos.