24.1.08

Frio

O som do vento soprando do lado de fora da minha janela me trouxe lembranças tristes. De um tempo feliz que já ficou pra trás há tanto tempo. Era em noites como estas, de frio e vento forte, que eu o sabia ali, para esquentar-me. Saímos da faculdade com destino à casa dele, mais precisamente para debaixo daquele edredom velho e sujo. Podia fazer o tempo que fosse lá fora, mas lá dentro, junto daquele corpo, eu tinha a certeza de que nada podia me atingir. Nosso mundinho era tão restrito e tão perfeito que uma hora tinha mesmo de acabar.

***

Combinamos de nos ver naquela noite, afinal ainda tinha um presente esperando por ele. Antes do horário combinado ele apareceu e fomos prosear, num boteco diferente, tendo por companhia alguns chopps e um alentador caldinho de feijão. Eu podia esperar tudo daquele encontro. Beber e novamente dar em cima dele. Podia me irritar com alguma história dele com a nova namorada. Mas não. O imprevisível aconteceu e ele nunca foi tão bem-vindo. Eu, que jurava atravessar o Atlântico para poder esquecer um amor de outrora, percebi que não precisaria ir tão longe. O que antes ardia, desde aquela noite jazia em cinzas.

2 comentários:

Adriádene disse...

Entendo você. Só não sei se isso é bom ou ruim. Lamentar pelo que se acreditava ser tão grande ou ficar feliz pelas cinzas...Beijos

José Rosa (ZeRo S/A) disse...

Texto triste, mas muito belo...