27.7.08

Vermelho

Será mesmo uma grande coincidência ou no mundo podemos encontrar, em partes distantes ou próximas de nossa realidade cotidiana, cópias de pessoas que conhecemos? A verdade é que quando nos enconrtamos pela primeira vez eu sequer parei para olhá-lo. Dreads nunca foram um ponto de atraçao para mim. Exceto em casos muito raros. Dias depois, comecei a encontrar pontos em comum muito interessantes entre nós. Nossa amizade progredia. Mesmo assim, nao o achava atraente, mas me encantava algumas formas muito pessoais suas de agir. Creio que nunca vi um homem tratar crianças com tanto respeito quanto ele. Falavam de igual para igual, sempre. Aos idosos, uma atençao muito especial. E além de tudo isso, era ele quem sempre ficava até mais tarde comigo a beber e a fazer piada de tudo. Da minha forma atabalhoada de ir e vir na cidade, da minha mania de sorrir ou gargalhar por tudo, até por coisas aparentemente sérias. E pouco a pouco fomos nos aproximando mais e mais. Numa noite, em um cinema ao ar livre, tive uma dúvida cruel sobre o que seria de nós dali pra frente se misturássemos nossa amizade com o desejo de ir além. Creio que ele pensava exatamente a mesma coisa enquanto esfregava as maos em minhas pernas para aquecê-las do frio. Estávamos próximos de todas as formas. Corpos envoltos em mantas, braços dados, pernas entrelaçadas. Mais que isso, só mesmo se estivéssemos desnudos. Até que uma noite, bebendo sozinhos num bar, eu resolvi pagar para ver. Ainda penso que ele é uma espécie de cópia melhorada de um ser há muito por mim amado. Valeu a pena ir aos poucos...Agora vivo em duas casas. Na minha, de fato. E num chill out vermelho, cercada de incensos, música e um certo tipo de amor.