10.11.05

Materializando medos

O vi, ao longe. Apesar de estar com uma roupa bem estranha, reconheci pelos cabelos, sempre os mesmos, desgrenhados e ressecados. O caminhar também era incomum. Tentei me aproximar, mas a impressão era de que quanto mais eu apertava o passo, mais ele se apressava para chegar a algum lugar. Quando o alcancei, tive raiva de tê-lo seguido, raiva de meus impulsos primários. Ele estava beijando a ex-namorada. Sem nem sequer ter tempo de pensar, perguntei a ele o que estava acontecendo. Com ar de quem não sabe o que fez de errado, disse-me que entendia o porquê da exaltação. Jogou a responsabilidade pelo beijo na moça. Dei as costas para ambos e caminhei, cansada, irada, choramingando. De repente, me vi dentro do ônibus, a mirar pela janela. Era meio-dia e o tempo quente me fez ter uma vertigem...

Um comentário:

Anônimo disse...

às vezes a vida azeda...