7.2.07

De noite

Encontrei-o numa dessas noites onde os avulsos deixam-se estar mais que disponíveis a fim de dar cabo, ao menos naquela noite, à insistente solidão. Depois de seguir o script de sempre ele ofereceu-me uma carona. Aceitei. Acabei indo para na casa dele, claro, mas sem a menor vontade de encostar meu corpo noutro. De repente, a dor de cabeça lancinante e um comprimido. Quando acordei já era dia e eu tive medo de saber o que aconteceu. Se é que aconteceu.

***
De tarde

Nossa relação passava por um momento ruim. Eu estava cansada dos mesmos programas, dos mesmos horários. Careço de novidade, de movimento. O que ele não quis ou não pôde dar-me então fui buscar em outros braços. Saí no início da tarde, a bordo de uma desculpa qualquer, dizendo que voltava em breve. Passei a tarde a rir e a desejar outro homem, velho conhecido, tão parecido com tudo o que eu mais queria. Voltei tarde da noite, olhei-o nos olhos sem dizer nada. Apenas deitei e dormi. O amanhã diria algo por mim.

***

De manhã

Há pessoas que realmente precisam se encontrar. Mesmo porque quem acredita que o mundo é vasto, muito vasto, está circularmente enganado. E foi o que aconteceu a nós. Muita coisa em comum, muita lenha pra queimar. Na festa aconteceu de tudo e para fechar o evento com chave de ouro atravessamos a madrugada a alternar o sexo alucinado com baforadas de cigarro. Amanheceu e ficamos, da janela do motel, a contemplar os primeiros raios de sol. Era uma manhã e tanto de domingo.

4 comentários:

Anônimo disse...

bela trilogia... é bom te v(l)er escrevendo k... maia...bj

Anônimo disse...

Manhã, noite e arde...
enquanto o tempo passa
meu pulmão expele a fumaça
e meu corpo arde...

Césped Vesper disse...

Seguindo os passos do pessoal do Blog de Sete Cabeças.
Belo, sensual e inebriante o que você escreve. Muito bom!

José Rosa (ZeRo S/A) disse...

anseios... fuga...um dia após o outro...