4.9.06
Despenteio
Um beijo no rosto. Uma latinha na mão. Era o nosso reencontro depois de uma longa e compulsória separação. Noite fria. Chovia. A umidade desmanchava nossos cabelos. Veio uma garrafa, um brinde. E de tilintar em tilintar de copos fomos indo noite adentro. Falávamos pelos cotovelos mas houve espaço para tudo. Num gole, o riso fácil. No outro, o olhar atrevido. Eis que um braço enrosca-se no pescoço, os rostos se tocam e as bocas, finalmente, se abrem uma para a outra. Velhas conhecidas de noites boêmias de desejos incontidos. A língua roça a outra, a saliva é combustível de queima rápida. Uma mão desce à procura da cintura, enquanto outra desliza pelas costas. Beijamo-nos. Beijamo-nos mais. E mais. Como dois ensandecidos na porta de um bar de quinta, enquanto a garoa nos molhava e a libido nos consumia. Quando voltamos aos copos a cerveja havia esquentado. Nosso sangue fervia. Mas o adeus urgia. Mais um momento e nos fomos. Cada qual para uma direção. Até que novos ventos nos tragam de volta. Para esta esquina ou contra-mão.
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6 comentários:
Muito bom. Não tem como descrever esse beijo acontecido ao acaso de maneira melhor!
"a saliva é combustível de queima rápida"
Isso é muito bom!!!
Também fechou o texto com maestria!
bjs
(Não sei pq, ñ gostei do título... Mas ainda assim achei o escrito MARAVILHOSO!!!)
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O sangue ferve
Nem a garoa esfria
os corpos
Até os copos
fervem...
Até que o tempo vira
E tudo acaba...
Ô, tempo lôco, esse...
cerveja quente e boca molhada, garoa a pingar e a libido a saciar... tudo em harmonia e em um mesmo lugar... bj
Adorei a cena desenhada!!
Beijinhos...
:)
uau, q força! A palavra "ensandecidos" é de uma força maravilhosa!
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