Bons amigos

Foi mais ou menos assim: nos conhecemos numa festa, apresentados por uma amiga em comum, ele estava com a namorada e eu com a minha mais nova amiga de infância. Achei-o interessante, nada demais. Com o passar do tempo e das latinhas, ele entrou numa de ficar me encarando e a namorada só ganhando o lance. Claro que a coisa não acabou bem pro lado dele. Meses depois, já solteiro, nos reencontramos em outra festa de amigos em comum. Eu já havia trocado beijos com um rapaz. Bonito, mas ordinário. Abriu a boca e eu quase caí de costas ao ouvir tanta barbaridade. Logo dispensei, não tenho paciência pra gente burra. Aproveitando o embalo etílico cheguei junto do cara da outra festa. A esta altura ele também já havia ficado com uma mocréia. Aproveitei uma ida dele ao banheiro e avisei que ele tinha cinco minutos para se livrar da moça e encontrar-me bem ali. Ele disse que não tinha como e eu apenas repeti o tempo: cinco minutos. Pra resumir: a acompanhante dele saiu chispando, nos amassamos ali mesmo, na porta da festa, e em menos de duas horas estávamos rindo e fumando aquele cigarrinho abençoado depois da foda. Desde então começamos a nos falar com alguma freqüência, mas sem grandes pretensões. Nosso último encontro também foi marcante. Após uma sessão de chupadas e apalpadas fomos novamente para o motel, mesmo sem eu ter muita convicção de que queria. Chegando lá ainda tentamos, mas não adianta forçar a natureza. Estava claro, não ia rolar. Ele agiu como uma verdadeira dama: tranqüilizou-me, disse que aquilo podia acontecer mesmo, perguntou se eu queria conversar sobre algo. Passamos o resto da madrugada conversando, vendo TV e fumando. Como bons amigos.