18.5.06

Três tempos

Anoiteceu. Seria nossa primeira noite juntos. Tudo transcorria às mil e uma maravilhas, restava apenas saber se nos entenderíamos na cama tão bem quanto fora dela. Estava apreensiva. Eu, vinte e um anos. Ele, quase trinta. A diferença de idade fazia com que eu me sentisse uma menina perto dele. E quem disse que eu não? Beijos e amassos para esquentar. Ver aquele homem nu causou-me um certo medo, um constrangimento que não sei de onde vinha. Soltei um grito, baixinho, quando ele me penetrou. Imediatamente percebi que ele havia broxado. Pediu-me milhões de desculpas. E eu achei aquela cena uma das mais belas declarações de amor já vista.
...

Nos víamos com certa freqüência. Quando não podíamos nos encontrar, devido a qualquer impecilho, tratávamos logo de nos atualizar das novidades por telefone mesmo. Éramos praticamente confidentes. Ele me conhecia tão bem que só de ouvir um “alô” meu já sabia se eu estava bem ou não. Depois de mais de um ano de amizade, confidências, tristezas e alegrias compartilhadas, ele me surpreendeu. Agarrou-me no meio de um filme. Ficou tão transtornado com o que recebeu que acabou pedindo-me em namoro. De novo.

...

Virada de ano. Chuva, tempo esquisito, tudo dando errado. Durante a queima de fogos, a sentença: era hora de terminarmos, de sairmos daquele inferno. De novo. E novamente era cada um pro seu lado. A mesma história. Os mesmos personagens. E o final que nunca chega?

4 comentários:

Anônimo disse...

finais seriam opcionais ou obrigatórios?
permanentes ou transitórios?
finais felizes ou inglórios?

afinal,
seria o final
um encerramento
ou um agradecimento???

Anônimo disse...

Ah, essa vida nossa
repleta de personagens,
cheia de histórias
Um livro aberto
com algumas folhas rasgadas,
outras tantas riscadas, borradas
e outras ainda em branco
Narrativas confusas,
diálogos complexos
e versos lindos
Diversos clímax
e nenhum sentido
Ah, essa vida nossa,
repleta de personagens estranhos,
cheia de histórias sem sentido,
renderiam livros
mas eu só tenho um...

Anônimo disse...

A vida é muito interessante até mesmo quando expressas através de palavras escritas. Gostei,

zabballa disse...

Estou vivendo esse tempo tardio talvez. E suas palavras ecoam no meu estômago: " e o final que nuca chega?" . Portas abertas para você, sempre.