27.4.06

Anjo sem asas

Toda vestida de branco, caminhei até as areias da praia. Logo mais todos chegariam. Alguns trariam violões à tiracolo, outros bebidas, alguns velas e os demais, flores. Minha contribuição era outra: levava a voz e um desejo imenso de encher aquelas pessoas de sons e de desejos de paz. Ansiava que minhas canções pudessem tocar cada um bem no fundo e que a vontade de amar e de fazer o bem se perpetuasse para além daquela noite e para fora daquele círculo de amigos. Sentei-me ao lado de um rapaz que tocava violão, e que logo pediu-me: “cante A Paz”. Tomei fôlego e comecei. Senti que cada palavra daquela música penetrava pelos ouvidos e repousava no lugar certo. Casais se entreolhavam, se acariciavam. Amigos se afagavam. Ao final, uma salva de palmas. Um rapaz que estava sentado ao meu lado levantou-se e me estendeu a mão. Segurei-a e ele levantou-me da roda. Com cuidado, ornou meus cabelos desgrenhados pelo vento de flores coloridas. Depois, beijou-me o rosto e lentamente foi indo embora, sem dizer uma só palavra. Voltei para a roda e cantei pelo resto da noite em homenagem a ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Leve!

Anônimo disse...

Matando a saudade deste lugar que adoro vir visitar...
Foi bom eu ter aparecido, p/ apreciar essa leveza aqui descrita!

Seja feliz! Leve! Sempre!