Sol da madrugada

Na mesa de um bar, trocávamos idéias acerca de tudo, do mundo. Ele era lindo, tinha uns olhos azuis que iluminavam a noite não só pela cor, mas pela vivacidade que deles emanava. Senti-me atraída desde o primeiro instante e, para minha sorte, o desejo foi bater às portas dele pouco depois. No meio da conversa, um assunto comum nos uniu ainda mais. Ele já era escolado e eu, nem para iniciante servia. Mas fingi que dominava, afinal já ouvira falar tanto sobre. Saímos da mesa onde estávamos com alguns amigos e fomos para uma esquina. Lá ele tirou um montinho do bolso, depois um pequeno papel de seda e enrolou um cigarrinho. De volta ao bar, percebi que algo acontecia em meu corpo. Foi incrível: vi o sol brilhando no meio da madrugada. Ele e eu nos vimos ainda em algumas ocasiões porém o tempo tratou de nos separar. Há poucos meses soube que ele continuou abordando outros assuntos e estava em uma clínica de reabilitação. Fiquei apenas no cigarro, que hoje nem fumo mais. Ontem peguei-me pensando naqueles olhos...e esperando que aquela luz não tenha se apagado.