27.10.05
Na real
Não teve poesia. Nem ao menos foi romântico. Foi tão somente real. Um tanto cruel, também, talvez. Eu ainda cumpria o modelo patriarcal de obediência: horário pré-definidos para chegar em casa, amizades reconhecidamente boas, satisfação sobre itinerários. Naquela noite saí de casa, perfumada e bem vestida, para namorar. Era para ser outra noite repleta beijos ardentes, abraços apertos e muito, mas muito tesão reprimido. Acabei deixando-me levar pelas circunstâncias. Hoje, olhando para trás, vejo que nem ao menos tive tempo de pensar, de dizer (quem sabe?) não. Quando vi, já me achava sem calcinha com um macho suando sobre mim dentro de um carro apertado. Não senti nada além de dor e medo. Ao invés de sentir desejo, uma avalanche de maus pensamentos é que me possuíam e não aquele homem. Cheguei em casa sangrando, dando provas irrefutáveis sobre o acontecido: deixara eu de ser virgem.
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4 comentários:
"provas irrefutáveis".. gostei...
a ausência única...
uma vez e já se foi... não volta mais...
resta a vida!
E viva o retorno de uma personagem fantástica!
Sabe que esse texto me fez lembrar um prato de macarronada à bolonhesa, com muito molho.
O molho na borda. A carne, é a sua carne. O molho representando a dor.
Milla.
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